Do levantamento de necessidades à sementes de qualidade
“O CDAIS é interessante para nós, porque está a melhorar a forma como funcionamos”, explica Francisco Venda, presidente da Cooperativa Sementes do Planalto, sedeada no Bailundo, província do Huambo “Trabalhamos com muitos parceiros e as novas competências revelaram-se inestimáveis”. Desde 2016, o CDAIS tem vindo a trabalhar com este grupo, ajudando-os a identificar e a chegar a acordo quanto às suas necessidades prioritárias e a tomar medidas para superá-las. Mas ainda há muito a fazer, embora os altos níveis de energia e entusiasmo garantam que o progresso continuará por muito tempo depois do projecto ter terminado.
“O CDAIS é como um forno de ferreiro. Colocamos lá um problema difícil, como uma barra de metal, mas depois podemos trabalhá-lo e dar-lhe outra forma, uma ferramenta de que precisamos.” Francisco Venda, presidente da Cooperativa Sementes do Planalto, Bailundo.
Sementes do Planalto – sementes das terras altas
Em 2012, um grupo de agricultores começou a trabalhar em conjunto para produzir sementes de qualidade, começando devagar, com o objectivo original de constituir um banco de sementes para uso próprio . Então, em 2015, estabeleceram a Cooperativa Sementes do Planalto, com o apoio da ONG CODESPA, em parte para permitir o acesso a financiamento. A falta de fundos constituiu uma séria restrição ao desenvolvimento. Mas, com financiamento, começaram a produzir muito mais e começaram a semear mais terrenos e cresceram … Com sede no Bailundo, existem agora 200 membros activos distribuídos por sete municípios nas províncias de Huambo e Bié. Todos os membros demarcam uma determinada área que se dedica à produção de sementes de variedades melhoradas, principalmente de milho e feijão, com o benefício de que a cooperativa garante comprar todas as sementes que produzem a um preço acordado.
No entanto, um problema fundamental era que os agricultores membros não possuíam as competências técnicas agrícolas para garantir que as colheitas fossem adequadas e, o mais importante, que a qualidade das sementes correspondia aos rígidos padrões do serviço nacional de sementes (SENSE). Mesmo assim, mostraram ser capazes de produzir sementes certificadas em grandes quantidades e que que todos os membros podem ganhar um bom dinheiro e aumentar a disponibilidade de sementes de qualidade no mercado local. Actualmente a Cooperativa tem uma vasta quantidade de sementes de variedades melhoradas que, anteriormente, não estavam disponíveis localmente, e que uma parte é partilhada informalmente entre os membros e a outra é vendida.
Fortalecimento do setor de sementes
O levantamento das necessidade em competências, realizado em Novembro de 2016, indicou as principais necessidades da cooperativa de sementes. Estas reflectiram da falta de assistência técnica, indisponibilidade de financiamento e o fraco relacionamento entre os agricultores e organizações de investigação e extensão agrícola, fornecedores de insumos e mercados potenciais. Em 2017, o CDAIS trabalhou com o grupo para começar a abordar essas questões, mas também enfrentou problemas, já que o facilitador do projecto encontrou outro emprego. No entanto, até ao início de 2018, o plano de acção foi validado e foi desenhado um plano para implementação das actividades . Estas incluem apoio para que a cooperativa possa encontrar e contratar especialistas, sendo um agrónomo para fornecer assistência técnica adequada, e outro das áreas de economia e gestão, para criar uma lista de todos os potenciais fornecedores de insumos e compradores de sementes na área, para treinar membros em como preparar planos de negócios para que eles possam ter acesso a fundos e administrar melhor os seus assuntos, e auxiliar no fornecimento de capacitação em gestão e organização interna.
“O CDAIS não nos dá dinheiro. Mas melhor do que isso, dá-nos a capacidade de aumentar nossa produção e lucro para que possamos ganhar mais dinheiro nós mesmos.” Francisco Venda, presidente da cooperativa Sementes do Planalto, Bailundo
Caminhando na direcção certa
A parceria de inovação está a estabelecer vínculos cada vez mais fortes com muitos e variados parceiros, ONGs, prestadores de serviços, outros projectos de desenvolvimento – e, mais importante – com o governo local. Victorino de Alexandre Moma, Administrador Adjunto do município de Bailundo, não tem qualquer dúvida. “O estado forneceu ferramentas, equipamentos e sementes a tantos grupos, mas devido à falta de capacidade, muitos desses recursos permanecem sem uso ou são desperdiçados. CDAIS oferece apenas o suporte que precisamos, para nos ajudar a aproveitar ao máximo as oportunidades disponíveis.
Numa reunião, em fevereiro de 2018, que reuniu mais membros do que nunca, um deles, Jorge Mário, foi bastante explícito. “Eu não sei o que é o projecto C-D-A-I-S, mas eu sei o que queremos. Precisamos de abrir portas, ou temos que derrubá-las. E só podemos fazer isso criando a nossa própria capacidade de fazer coisas.” A necessidade e o mandato das actividades relativas CDAIS, tornaram-se claras, mas, mais uma vez …” A agricultura é a base da nossa economia rural “Augusto Samati. “Desde a infância que eu amo a agricultura e tenho visto muitas mudanças desde o tempo dos meus pais … Mas podemos melhorar ainda mais, se nos prepararmos melhor e nos dedicarmos.”
Após a reunião que reconfirmou as necessidades pendentes, o presidente da cooperativa finalizou um cronograma de actividades com a equipa do CDAIS, gestora nacional, facilitadores nacionais de inovação e o ponto focal da Agrinatura. O plano de acção revisto foi validado e a implementação continuará com seriedade.
“O conhecimento é a melhor coisa. Todos os membros da cooperativa são agora capazes de aprender com o passado e o presente.” Francisco Venda, Presidente da Cooperativa Sementes do Planalto, Bailundo
E uma coisa boa leva a outra …
Julia Nangueve fala muito sobre as mudanças que viu, “o CDAIS traz-nos muito. Ajudou-nos a trazer novas ideias e conhecimentos sobre como trabalhar. Natalia Jambe, secretária da cooperativa de sementes, diz como aprenderam a trabalhar em grupo e todos vêem como isso é melhor do que trabalhar individualmente. Juntas dizem: “O que aprendemos por estarmos envolvidas na cooperativa das sementes, partilhamos com as nossas amigas.. Elas são todas agricultoras como nós, então, agora aprendemos juntas a produzir e seleccionar as melhores sementes para uso próprio e, para aquelas de nós que fazem parte da cooperativa, é uma forma de ganhar um dinheiro extra.
Cresce a esperança
“No futuro, queremos relações mais fortes com os nossos fornecedores e os nossos clientes e mercados, e o CDAIS está a ajudar-nos neste processo”, observa Francisco Venda. “Também devemos ajudar a nossa juventude e encorajá-los a investir o seu tempo e energia, pois o futuro é apenas deles”. E conclui com a visão da cooperativa ” expandir até termos 1000 hectares onde produzimos sementes da mais alta qualidade para o bem dos nossos membros e de todos os agricultores que irão plantá-las. E o CDAIS irá a acompanhá-los em 2018, para os ajudar a realizar esse sonho.
“O CDAIS ajuda-nos a analisar os nossos problemas e a melhorar nossa organização para que possamos encontrar soluções.” Francisco Venda, presidente da Cooperativa Sementes do Planalto, Bailundo